Trabalho flexível e jornada reduzida ajudam no desempenho?

Para Thaylan Toth, CEO da Mindsight, a cultura organizacional é decisiva para entender se as rotinas flexíveis são possíveis ou não para o negócio

Com a chegada da pandemia, a discussão sobre novos modelos de trabalho ganhou força nos escritórios Brasil afora. Se antes o trabalho remoto era uma necessidade por conta de fases mais agudas da crise sanitária, agora ele passou a ser uma estratégia a ser seguida por muitas empresas. Mas qual o modelo mais apropriado a ser adotado, se é que ele existe?

Cerca de metade dos norte-americanos aceitariam redução de 5% do salário para continuar trabalhando de forma remota, e 78% dos jovens se sentem mais confortáveis e incluídos em vagas que permitem atuação à distância, segundo o estudo “State of Remote Work 2021”, realizado pela empresa Owl Labs.

Na contramão, um levantamento da London School of Economics and Political Science em conjunto da Universidade de Cornell, mostrou que 70% dos líderes de equipes gostariam de retomar o modelo de trabalho tradicional, com cinco dias presenciais e com todos em suas baias de trabalho.

Uma coisa é certa: as empresas precisarão quebrar a cabeça para entender qual o melhor modelo de trabalho para a organização. O modelo híbrido de trabalho já é discutido por especialistas há pelo menos 10 anos.

Os novos modelos de trabalho vieram para ficar. Não há mais como voltar atrás em alguns benefícios promovidos pelo trabalho remoto ou híbrido. Com o avanço de tecnologias baseadas em Inteligência Artificial e Machine Learning, o setor de RH precisa se adaptar às novas realidades e cobranças, principalmente das novas gerações que ingressam no mercado.

Vale uma alerta para as diferentes realidades dentro do mercado de trabalho. Nem todas as empresas têm condições de oferecer um trabalho semi-presencial ou totalmente remoto e alguns profissionais necessitam de uma ida frequente ao escritório para exercer suas atividades. Cada organização precisa entender sua estrutura e as necessidades dos funcionários para disponibilizar condições para manter o bem-estar e a produtividade.

Definições de modelos de trabalho flexível e reduzido

O conceito de jornada flexível é algo mais comum no vocabulário de muitas empresas. Por meio dele, o funcionário tem flexibilidade para cumprir as horas de trabalho no período que preferir. Em algumas empresas, os colaboradores podem escolher os horários que quiserem para realizar as tarefas e ajustá-los da melhor forma dentro da rotina.

Mais desconhecido do público, o termo jornada reduzida vem ganhando espaço na mídia nos últimos meses, devido a estudos mundo afora para entender os impactos e a efetividade desse modelo na melhora de desempenho. Nele, os colaboradores e as empresas reduzem os dias úteis da semana, mas mantêm a carga horária de trabalho, aumentando a quantidade de horas trabalhadas nos quatro dias restantes.

O tema ainda é novo, mas alguns dos resultados obtidos por estudos realizados se mostram promissores para empregadores e funcionários. Cerca de dois terços (64%) das corporações que adotaram uma semana de trabalho de 4 dias relataram melhorias na produtividade de suas equipes, segundo pesquisa liderada pela Henley Business School.

Será que esse modelo vale para a minha empresa?

Alguns experimentos no exterior têm analisado os benefícios dessa prática. Mesmo tendo vários benefícios aparentes, também é preciso ter em mente que existem obstáculos que podem dificultar a aplicação de uma jornada reduzida para algumas empresas, como aquelas que têm foco em atendimento ao cliente e até mesmo a falta de comprovação de resultados.

O principal obstáculo para a adoção de novos modelos de trabalho é o amadurecimento da cultura organizacional. O primeiro passo é entender se a cultura da empresa suporta os novos modelos. As empresas devem realizar estudos de impacto, pesquisa de clima, e analisar parâmetros de desempenho para saber o que mudaria, ou não, com a nova organização. As novas gerações estão cada vez mais conscientes sobre o papel que o trabalho tem em seu estilo de vida. No entanto, seja o modelo híbrido, flexível ou remoto, eles não são para todos e isso não pode definir a qualidade da gestão de um negócio ou de um profissional.