CCDI tem prejuízo com novas regras contábeis

O primeiro balanço do setor de construção, divulgado ontem pela Camargo Correa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI), mostra que o impacto das alterações contábeis

Valor Online

Daniela D'Ambrosio


O primeiro balanço do setor de construção, divulgado ontem pela Camargo Correa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI), mostra que o impacto das alterações contábeis no segmento será bastante expressivo e deverá reduzir indicadores importantes, como receita, resultado operacional e a última linha do balanço.

As empresas passam a ter que descontar, de uma só vez, despesas comerciais e de vendas - como gastos com estande e marketing - que antes eram descontados conforme o andamento da obra. Outra mudança importante é o ajuste a valor presente, que inclui, por exemplo, a diferença entre o valor à vista e a prazo de um imóvel, além da contabilização de terrenos.

No caso da CCDI, as novas regras contábeis tiraram R$ 44,9 milhões do lucro anual da empresa por conta, principalmente, da "baixa de despesas comerciais ativadas", que representaram R$ 32,3 milhões, e de "ajustes a valor presente", que somaram R$ 8,6 milhões.

A empresa teria registrado lucro de R$ 96,7 milhões em 2008 pelas regras anteriores, em comparação a R$ 6,1 milhões no ano anterior. Com o ajuste, porém, passou para R$ 51,7 milhões. No quarto trimestre, a empresa teve prejuízo líquido de R$ 8 milhões e, pelas regras anteriores, teria apresentado lucro de R$ 1,6 milhão. "O impacto mais negativo é agora, porque a baixa precisa ser feita se uma vez só", afirma Fernando Bergamim, gerente de relações com investidores da companhia. "Depois, fica mais fácil."

Para fazer o cálculo do ajuste a valor presente, as empresas do setor se reuniram para encontrar uma "fórmula comum", na qual cada uma aplica seus números.

Pelas novas regras, a CCDI fechou o quarto trimestre com receita líquida de R$ 116,2 milhões, 19,9% superior aos R$ 97 milhões apresentados no mesmo período de 2007. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização ficou negativo em R$ 1,8 milhão, contra R$ 7,6 milhões negativos em igual intervalo do ano anterior.